O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) considera altamente improvável que os Estados Unidos recuem da sobretaxa de 50% imposta a diversas exportações brasileiras, vigente desde a última quarta-feira (6). A medida afeta cerca de 36% dos produtos enviados ao mercado americano, com impacto direto em setores como carnes e café.

Além disso, a administração brasileira está atenta à possibilidade de novas sanções por parte dos EUA contra integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), o que intensificaria a pressão política externa.

Diálogo diplomático avança, mas sem resultados práticos

Apesar dos esforços coordenados pelos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (Indústria), o governo entende que não há espaço para negociação enquanto o presidente americano Donald Trump permanecer intransigente. Representantes enviados por Trump, como Marco Rubio e Howard Lutnick, teriam autonomia limitada para avançar nas discussões.

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Tarifa afeta principalmente produtos de alto valor agregado

A sobretaxa de 50% não incide sobre itens como suco de laranja, aeronaves, petróleo e fertilizantes, mas pesa especialmente sobre produtos de maior valor agregado, como carne e café, ameaçando setores estratégicos da economia brasileira.

Tensão política e ameaça à relação com o STF

Um dos principais entraves para uma possível flexibilização da tarifa seria a exigência dos EUA para que o Brasil encerrasse os processos judiciais contra Jair Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliar. Essa condição é considerada inaceitável pelo Planalto.

Além disso, o governo está preocupado com a escalada das sanções ao STF, que incluem a revogação de vistos de ministros e punições baseadas na Lei Magnitsky, como ocorreu com o ministro Alexandre de Moraes.

Lula mantém posição firme diante do impasse

O presidente Lula reforça que o Brasil está aberto ao diálogo, mas não aceitará pressões que comprometam a soberania do país. Existe cautela quanto a uma conversa direta com Trump, temendo que isso possa agravar ainda mais a situação caso críticas ao STF sejam feitas.