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Educação

A menina que caçava borboletas

  • Arquivo Pessoal -

'Vim da roça, usei a enxada e depois a caneta. Bela música! Para obter uns trocados, caçava borboletas de variadas cores junto a meus irmãos. Aí o comprador passava, classificava, felicidades, um dinheirinho.'

Eu, Iria Bloemer, nasci aos dias 25 de 1953, na Tapera. Dia do agricultor e motorista. Vim da roça, usei a enxada e depois a caneta. Bela música! Para obter uns trocados, caçava borboletas de variadas cores junto a meus irmãos. Aí o comprador passava, classificava, felicidades, um dinheirinho. Pescava também uns peixinhos na água límpida, em companhia da pessoa mais maravilhosa desse mundo. Meu querido pai amigo de verdade, conselheiro, pobre, mas nobre de coração. Que o destino me levou tão cedo. Ele admirava meu jeito de ser tão feliz, cantava muito, muito, coração alegre. Escorregava nos barrancos, vivia pendurada nos cipós das árvores ou folhas de coqueiros. Saudades.

Na escola primeira infância, incentivada pela irmã catequista Franciscana Ilda Dela Bruna, minha professora, em vida ainda hoje com seus oitenta e tantos, me direcionou ao estudo.

Sem condições financeiras, mas movida pela vontade e sonhos, fui à luta.

Tropecei, levantei e cheguei lá, tive na vida uma só escada. O importante que eu era única nela, ou se sobe degrau por degrau ou nem se tenta, ela balança e tem aberturas. Foi no primeiro balanço que eu não caí, tentei subir... Embaixo dela tem tantos querendo balançar a escada para ver o teu tombo. Assim é a vida... Tentei subir um degrau. Arriscar era tudo, precisei de muita fé, proteção divina para ser persistente. Obrigado Deus meu. Deixei muitos balançando a escada e fui sem medo buscar algo de novo. Estudei, lia sempre. 

Sou professora com magistério onde trabalhei em Santa Margarida, de primeira a quarta série. Após, com faculdade de Geografia, gestora, ou seja, diretora de escola por 8 anos. Sou concursada duas vezes e aí trabalhei no Ensino Médio (colégio do centro em Salete). Escolhi a disciplina da vida, Geografia. Falo da vida, meio ambiente, mas a peça fundamental é o ser humano. O eu.

Então preguei preservação ambiental, não caçar mais borboletas. Amei muito meu aluno: fui rígida, fiz entender, fiz fazer, fiz acontecer. Mas conquistei-os com meu coração, sorrindo, dedicação, entendimento, levei-o a pensar...

Quando chego na rua ou no comércio é o "Oi professora", um abraço, um beijinho... Serei sempre "A professora". A emoção toma conta, isso é mérito.

Disse a minha professora orientadora da faculdade "Demonstrou interesse, interagiu, comprometida com a educação do nosso educando, mantive disciplina e desenvoltura pedagógica". Professora Vera Dias, (Florianópolis). Sou bem assim mesmo.

Palavras, definições e agradecimentos 

Conselho: saber ouvir o aluno é meio caminho andado.

Agradecimentos:A Deus pela força e graças recebidas, ao meu saudoso pai pelo incentivo e amor eterno. A tia Adelina Bloemer pelos primeiros cadernos. Ao meu esposo pela força recebida. Aos meus estimados filhos Ronalde e Carla pela compreensão e esperança. Aos diretores da época e os de hoje o apoio.
A um grande amigo professor João Tadeu Correia, a indicação de diretora da escola e apoio.

Acreditei sempre, fui subindo mais um degrau com o próprio esforço do estudo, investi em mim!
Aos meus muitos alunos levo comigo a emoção do reconhecimento e gratidão. Sucesso a eles.

Realização: É gratificante, fui feliz, conquistei, trabalhei na educação 34 anos.

E a vida? Viver o hoje é fundamental, pois o momento de ser feliz pode ser agora.

Desejo a mim: bons momentos, reencontros, saúde e paz.

Curto a vida: Com a família, queridos netos Keila Nathália, João Vitor e Kemily.

Que Deus nos abençoe sempre e a todos que amo. Buscarei sucesso. 

Professora: Iria Bloemer Cipriani. 

Aposentadoria - Aposentadoria. Saudades.

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