Ação do Ibama e ICMBio aplicou mais de R$ 320 mil em multas e apreendeu produtos ilegais

O Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realizaram, entre os dias 6 e 10 de outubro, uma ampla fiscalização em indústrias e fábricas de conserva de palmito em municípios do Vale do Itajaí, incluindo Rio do Sul e Ibirama, no Alto Vale.

A Operação Euterpe 2025 teve como foco a cadeia produtiva do palmito-juçara (Euterpe edulis), espécie nativa da Mata Atlântica e ameaçada de extinção.

Multas e apreensões

Durante a ação, os fiscais aplicaram R$ 321,9 mil em multas e apreenderam palmitos in natura, conservas, maquinários e equipamentos industriais usados na produção irregular.

Em quatro fábricas fiscalizadas, foram encontradas aves silvestres mantidas ilegalmente em cativeiro, algumas em gaiolas e viveiros improvisados, sem autorização dos órgãos ambientais. Os animais foram resgatados e encaminhados ao Ibama para avaliação veterinária e possível reabilitação antes de serem devolvidos à natureza.

Cadeia ilegal e misturas de espécies

O relatório da operação aponta que grupos organizados atuavam no corte clandestino das palmeiras em áreas de floresta, transportando o material de forma furtiva até fábricas de beneficiamento.

Parte da produção era destinada diretamente a bares e restaurantes, envasada sem rótulos ou controle sanitário, e em alguns casos misturada com outras espécies de palmito, como pupunha, açaí e palmeira-real.

Os fiscais também constataram o uso de documentação falsa ou adulterada para dar aparência de legalidade ao produto. A prática afeta especialmente o Parque Nacional da Serra do Itajaí e a Floresta Nacional de Ibirama, além de áreas nativas no entorno.

Condições sanitárias precárias

Durante as inspeções, o Ibama identificou condições inadequadas de higiene e armazenamento em diversas fábricas. O palmito era processado e envasado em locais sem controle de temperatura e em vidros reutilizados, sem rótulo ou procedência.

Em nota, o órgão alertou que o produto irregular pode representar risco de contaminação alimentar, especialmente por botulismo, doença grave causada pela bactéria Clostridium botulinum. Parte das amostras foi encaminhada para análises laboratoriais.

Indústrias regularizadas também foram vistoriadas

Além das fábricas clandestinas, a operação fiscalizou indústrias legalizadas, que possuem plano de manejo, Cadastro Técnico Federal (CTF) e Documento de Origem Florestal (DOF). O objetivo foi diferenciar as atividades regulares das ilegais e fortalecer o controle sobre a origem do produto comercializado.

Toda a documentação será encaminhada ao Ministério Público e às prefeituras municipais, para apuração das responsabilidades sanitárias e criminais.

Espécie essencial à Mata Atlântica

A palmeira-juçara tem papel ecológico importante na regeneração da Mata Atlântica, sendo alimento para mais de 60 espécies de aves e mamíferos. A extração ilegal leva à morte da planta e prejudica o equilíbrio do ecossistema.

A Operação Euterpe 2025 integra o esforço nacional de combate à exploração ilegal da palmeira-juçara e ao comércio irregular de conservas de palmito.

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Fonte: Jornal de Pomerode

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