“Outro Moisés”: morte de bebê expõe novo caso brutal de espancamento infantil em SC
data atualização
21/08/2025 07:29
Tragédias em Joaçaba e Florianópolis evidenciam falhas graves na rede de proteção à infância
Na mesma semana em que Santa Catarina ainda tenta entender a morte do pequeno Moisés Falk Silva, de 4 anos, vítima de espancamento em Florianópolis após denúncias anteriores de maus-tratos ignoradas, um novo caso de brutalidade contra uma criança terminou em tragédia.
No Meio-Oeste, uma bebê de apenas 8 meses morreu na noite desta quarta-feira (20) no Hospital Universitário Santa Terezinha (HUST), em Joaçaba, com o corpo tomado por fraturas, lesões pulmonares e sinais de violência repetida.
Da UPA à morte: sinais de agressões antigas e recentes
A bebê foi levada pela mãe à UPA de Herval d’Oeste com febre e dificuldade respiratória. Diante da gravidade, foi transferida ao HUST, onde exames revelaram fraturas antigas e recentes em costelas, braço e perna, além de suspeita de perfuração no pulmão.
A criança passou por cirurgia e chegou a ser internada na UTI, mas não resistiu e faleceu às 22h. O corpo foi recolhido pelo IML, que apura a sequência das agressões.
Contradições e suspeitas
Na delegacia, a mãe apresentou versões contraditórias. Primeiro, disse morar sozinha em Herval d’Oeste. Depois, admitiu residir em Campos Novos com um companheiro — padrasto da criança, que ainda não foi localizado.
A jovem foi ouvida e liberada. A investigação segue com a DPCAMI de Campos Novos, que concentra esforços em identificar os responsáveis e apurar eventuais omissões.
A delegada Fernanda Gehlen confirmou o teor do laudo pericial:
“As lesões são compatíveis com traumas contusos. Foram identificadas fraturas costais em diferentes estágios de consolidação óssea, alguns mais recentes e outros mais antigos”, disse.
Outro irmão também foi retirado
A bebê não era filha única. O irmão, de 3 anos, foi afastado do convívio familiar e está sob a guarda da avó materna. O Conselho Tutelar acompanha o caso.
Dois casos, um mesmo retrato: a falência do sistema
O caso em Joaçaba se soma à morte de Moisés, em Florianópolis. O menino havia sido internado com sinais de violência, e a mãe chegou a registrar boletins de ocorrência — mas a rede de proteção falhou e ele voltou para casa, onde acabou morto.
A bebê de Joaçaba, mesmo com sinais claros de agressões repetidas, não tinha registro de acompanhamento anterior pelo Conselho Tutelar ou denúncia formal em andamento.
Ambos os casos reforçam a sensação de abandono: um sistema que deveria proteger as crianças, mas não conseguiu impedir que a violência resultasse em morte.
Apuração segue
A Polícia Civil pretende ouvir novamente a mãe, familiares e possíveis testemunhas, além de buscar imagens de segurança da região onde a família vivia. O padrasto será considerado suspeito caso não se apresente espontaneamente, e a polícia não descarta pedir prisão preventiva.
Luto que poderia ter sido evitado
Duas crianças mortas em menos de uma semana em Santa Catarina. Dois rostos diferentes, mas a mesma dor: a de uma infância interrompida por espancamentos que poderiam ter sido evitados.
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